Como vive o fundador da Atari hoje?

É, sinto muito não poder pagar uma Ferrari

Acho que ele é um Xbox

E eu sou mais Atari

O trecho da famosa canção "Fuck You/Forget You" de Cee Lo Green ilustra bem a imagem da Atari nos dias de hoje. O nome virou sinônimo de videogame velho, coisa ultrapassada, pelo menos no senso comum. Não que seja desinformação acreditar que a Atari esteja falindo - processo lento que vem desde 2013, mas que ainda não foi concluído - mas o curioso é que há quem acredite que ela faliu nos anos 1990.

Já com essa página virada, o simpático Nolan Bushnell (ele afirma que era insuportável aos 35 anos), co-fundador da Atari, foi objeto de uma longa matéria no site da BBC no início de agosto. Bushnell, que já esteve no Brasil durante a Campus Party de 2013 - mesmo ano em que a Atari pediu falência - trabalha agora com a Brainrush, start up criada em 2010 e que tem como objetivo a utilização de jogos no processo de aprendizado.

Sr. Bushnell em sua Brainrush. Reprodução / BBC

A estrutura modesta - descrita pela reportagem como decadente - é apenas um dos vários cenários de ascensão e queda vividos por Bushnell em seus 72 anos de idade. Dentre a lista de fracassos estão as redes Chuck E. Cheese e uWink, que misturavam casa de jogos com restaurante - a primeira foi vendida em 1984, após pedir falência, e a segunda foi aberta em 2000 e encerrada em 2010 -, além da PlayNet, empresa da qual foi consultor e que faliu em 1997.

Foi também em 2010 que Nolan Bushnell foi convidado a retornar à Atari - sem dúvida, o nome pelo qual Bushnell sempre será mais conhecido -, mas o retorno culminou (novamente!) no já citado pedido de falência de 2013.

O que fica bastante evidente sobre Bushnell durante a entrevista ao site da BBC é que se trata mais de um homem empreendedor do que, propriamente, um homem da tecnologia. Não que seu nome não esteja obviamente ligado à tecnologia, mas o que se percebe é que seu objetivo de vida está mais próximo à criação de novos paradigmas em tecnologia e entretenimento do que, propriamente, ficar podre de rico.

Cada falência é vista mais como uma experimentação do que propriamente um episódio terrível de quase-morte, como nos acostumamos a encarar. Bushnell não se importa tanto com as falências de sua biografia. Se importa mais com a exaltação ao espírito empreendedor, e acredita que trajetórias de sucesso de grandes nomes como Steve Jobs, Mark Zuckerberg e Bill Gates devem muito às inovações de homens como ele.

Como ele próprio diz em certa altura: "Quantas empresas você já começou no momento em que fez 18 anos? Se a resposta for zero, eu não iria investir em você".

Se Nolan Bushnell está correto em suas convicções, cabe a cada um julgar. Alguns dos filhos de Bushnell já se decidiram sobre isto. Estão evitando ingressar na faculdade a fim de começar imediatamente os seus próprios empreendimentos empresariais.