Em defesa do Sonic 3D

Alguém que tenha nascido em 2000 – e que, portanto, tenha 12 anos – não deve conceber o quanto Sonic, The Hedgehog fez sucesso na década de 1990. O ouriço, milhões de vezes chamado de porco-espinho no Brasil, estava nas sandálias da garotada (eu tive um par ♥_♥) , biscoitos recheados e em tantas bugigangas quanto você imaginar – eu tinha uma caixa com três quebra-cabeças do Sonic, e adorava!

No mundo que interessa, no entanto, que é o mundo dos games – o mundo em que Sonic foi criado e onde ele não é estrangeiro – o ouriço azul perdeu boa parte dos fãs que havia conquistado na década de 1990. Pessoas fanáticas, que têm reprovado os novos jogos de Sonic ano a ano, desde que ele ganhou sua primeira versão em 3D, no começo da década de 2000. Dizem que Sonic se perdeu no tempo e que as histórias estão ficando cada vez mais sem pé nem cabeça, que os gráficos em 3D deixaram Sonic inferior à sua época de 2D, reclamam que Sonic emagreceu e daí por diante. Vários motivos bastante abstratos, nada realmente definido.

A realidade é essa: os fãs do Sonic 2D que o desprezam em 3D, o fazem sem razões realmente convincentes, apenas movidos por um sentimento nostálgico e o desejo de criticar e dar uma de vintage.

Realmente, Sonic não foi tããão bem tratado pela Sega na última década, é bom admitir. Misturar Sonic com Rei Arthur e Senhor dos Anéis foi realmente uma ideia de jerico! A prova disso, é que esses dois games meio medievais do Sonic (que eu não lembro o nome agora e tô com preguiça de procurar, vai no Google!) ainda têm muitos exemplares encalhados em várias lojas por aí, virtuais ou não.

Sonic Unleashed também me decepcionou um pouco – mas bem pouco. Antes de jogá-lo, eu lia críticas na internet, de pessoas que reclamavam que as fases noturnas eram muito longas, e eu ficava achando que isso era frescura. E o pior é que não era. As fases noturnas parecem mesmo ser intermináveis! Uma bronca sobre Sonic Unleashed que eu discordo é em relação à transformação de Sonic em lobisomem – ou ainda, werehog. Os fãs xiitas que endeusam o Sonic 2D chamaram simplesmente de “ridículo”. Eu, pessoalmente, achei bem legal. Só precisava ser tão lento, Sega? Se o Sonic lobisomem fosse mais rápido, as fases noturnas de Sonic Unleashed teriam ficado mais divertidas. Mas, a grosso modo, vale a pena jogar Sonic Unleashed pelas fases diurnas, que são explosivas, empolgantes, e bastante velozes. Até nisso cabe um adendo que, na versão pra Wii, a Sega sacaneou e deu muito mais ênfase às fases noturnas do que às diurnas, de correria, que foram bastante suprimidas. Se deu bem quem o jogou em PlayStation (eu, porém, joguei no Wii).

Sonic Heroes, bem anterior ao Unleashed, também teve seus pecadinhos. A começar pela dinâmica de precisar ficar trocando os personagens o tempo todo – além de ter trocentos personagens. Não sei pra quê tantos times de personagens, se o que realmente interessava era o principal (Sonic, Tails e Knuckles). Tirando isso, foi um jogo muito divertido, empolgante, e com um gráfico ótimo para a época – pode me apedrejar.

Mas bem, se o título dessa postagem é “Em defesa do Sonic em 3D”, por quê tantas críticas? Ah, primeiro porque a gente não pode ter convicções cegas, nem convicções sobre a Sega – HUAHUAHUA... ai tá, piadinha fail, me apedreja de novo! ¬¬'

Então, vamos falar de coisa boa. E coisa boa, nesse caso, é Sonic Colours.

Sonic Colours foi lançado no fim de 2010, e depois dele só foi lançado em 3D o Sonic Generations (se você está no futuro e discorda de mim, volta lá em cima e vê a data em que isso aqui foi escrito... e um beijo no seu coração), além do Sonic 4 Episode I, que era em 2D e que, francamente... pula essa parte.

Sonic Colours foi uma dádiva dos deuses! Uma inspiração do Espírito Santo, com muita unção – Amém? Amém! – um jogo abençoado. Ô Glória!

“A Sega caprichou, hein!” foi uma das frases mais faladas por mim, enquanto eu jogava Sonic Colours. Em minha humilde opinião, esse jogo tinha tudo pra ser um “cala-boca” nos fãs xiitas de Sonic 2D que não se permitem gostar do Sonic 3D. Não tenho nenhuma ressalva a fazer desse jogo. Ele é todo divertido. Todo. Não dá pra reclamar do gráfico. Não dá pra reclamar da história. Os poderes que Sonic ganha dos alienígenas coloridinhos são perfeitos. Não tem fases intermináveis como tinha o Unleashed, e a trilha sonora é sensacional.

Mas ainda assim, teve gente que não gostou. Principalmente no que se refere a “novos amiguinhos”. Os autodenominados gamers, supostos entendedores profundos da cultura do jogo eletrônico, se baseiam que Mario não fica ganhando novos poderes e novos amigos a cada versão – o que não é bem verdade – para criticar Sonic. É certo que o mundo de Mario vive ganhando personagens novos, e não apenas “amiguinhos” que só duram um jogo, mas acho que ainda não entenderam que a relação que define Mario e Sonic está contida na frase “nem melhor, nem pior, apenas diferente”.

Ou seja, os Wisps, amiguinhos alienígenas coloridos de Sonic, que estavam em Sonic Colours, provavelmente nunca mais aparecerão em outro game. Cabe aqui uma dica a alguém da Sega que estiver lendo: Se vocês fizessem um Sonic Colours 2 eu caia matando! Mas o fato de estar em games com histórias um tanto quanto isoladas é mais um fator para que os fãs xiitas do Sonic em 2D chamem o Sonic em 3D de “ruim”.

Na minha singela opinião, isso é apenas questão de se permitir. Se você viu vanguarda no primeiro Sonic, lançado lá em 1991, e estiver disposto a se deixar levar, poderá se divertir bastante jogando Sonic Colours!

E é aí que eu quero chegar: muitas dessas pessoas que dizem que Sonic em 3D é ruim não estão jogando Sonic em 3D. A prova disso eu vi em um vídeo no YouTube, um pouquinho depois do lançamento de Sonic Generations. Esse game, Generations, veio com a promessa de juntar o melhor de 2D com o melhor do 3D, ou seja, a intenção da Sega era a de conquistar alguns dos fãs perdidos na virada do milênio. Sendo assim, nesse dito vídeo do YouTube, o locutor – de, provavelmente, uns 30 anos – falava coisas do tipo “é legal, diverte, faz passar o tempo, mas não é tão bom assim se for comparado com os jogos da década de 90”.

Um pouco antes disso, ele jogou uma parte em que Sonic segue correndo, e o plano da “câmera” sai de trás do Sonic e passa a ficar a frente dele, surgindo um enorme robô atrás dele, criando-se assim uma perseguição em alta velocidade. Nessa hora, o tal locutor ficou empolgado, e soltou gritos como “uau, que massa cara, olha isso, que da hora!”. EIS QUE ELE DENUNCIOU TODO O ESQUEMA. Quem tem jogado os jogos em 3D de Sonic sabe que essas perseguições são comuns – praticamente uma tradição nos Sonic em 3D. O cara achou legal, como se fosse algo novo, dando provas de que ele não tinha jogado nenhum dos últimos Sonic em 3D. Ou seja, é a cultura do “não vi e não gostei”.

E é por isso que nada dessas críticas me interessa. Jogo Sonic 3D sim. Gosto de Sonic em 3D sim. E quem foi convencido por supostos “fãs” a não gostar dos mais recentes jogos de Sonic, eu recomendo que vocês joguem antes de tirar quaisquer conclusões. Simplesmente isso.

Até a próxima.