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Curupira, Saci Pererê, Monstro do Lago Ness e o novo console da Sega

Depois que o Guns n' Roses começaram a trabalhar no álbum Chinese Democracy, em 1998, sucessivos adiamentos ocorreram em sua data de lançamento. Ao ponto do disco se tornar lenda, e muita gente não acreditar que ele realmente fosse lançado algum dia. Mas esse dia chegou e foi em novembro de 2008, 10 anos após o início dos trabalhos.

Dreamcast, o último console da Sega que se tem notícia também é de 1998, e foi gradualmente descontinuado entre 2003 e 2007. O florescimento e fortalecimento da Sony e da Microsoft no mundo dos consoles foi afastando, com o passar dos anos, qualquer possibilidade de volta. Pelo menos é o que se presume.

Símbolo máximo da Sega, Sonic teve que se mudar pro console dos outros e ficou muito #xatiado.
Ilustração por Ryan Perreault, encontrada aqui.


Mas ao contrário de muitos estúdios, produtoras, desenvolvedoras e afins da década de 1990, a Sega não faliu, apesar de ter bambeado um pouco. E isso tem dado margem a boatos sazonais sobre sua volta ao mercado de consoles. Pesquisando no Google termos como "novo console da Sega", em português ou inglês, você encontrará pelo menos um resultado por ano, desde 2007, sempre especulando que "o novo console pode estar próximo".

Diferentemente dos Guns 'n Roses (e eu sei que a comparação entre uma banda e uma empresa de tecnologia é algo bastante infeliz), a Sega não está anunciando sua volta. Pelo menos, não da mesma forma como anunciou sua retirada do mercado de home hardware – em muitos países, especialmente no Japão, a Sega ainda vai muito bem no mercado de hardware para casas de jogos.

After Burner Climax Deluxe, hardware e software da Sega Amusements. Imagem daqui.
O que costuma favorecer os boatos sobre novos consoles caseiros está mais ligado a uma nostalgia do que anúncios concretos ou tendências de mercado. Não, não há nada que leve a crer que a Sega lance algum dia aquilo que até já ganhou o apelido de "Dreamcast 2". E vamos elencar algumas razões:

1. Após o declínio dos consoles, os jogos da Sega se tornaram multiplataforma, ou seja, a empresa passou a criar jogos para todos os consoles da geração (até o Ouya, que tem produtora por aí que torce o nariz) e também para PCs, smartphones e tablets (aquilo que falam ad nauseum que a Nintendo deveria fazer). Com um novo console, a Sega voltaria a ser concorrente de toda essa galera, passando a depender inteiramente dos jogadores fiéis (aquele cara que compra o console por causa do jogo) e perdendo inteiramente o consumidor casual (aquele cara que tem um Playstation e tá nem aí pra Sega, mas compra um Bayonetta porque sobrou uma graninha do lanche).

2. A Sega teria que cativar produtoras a fazerem jogos pra esse console, pois uma andorinha só não faz verão. É impossível conquistar mercado apenas com os títulos da própria Sega (da qual muita gente só se lembra do Sonic). Considerando que muitas produtoras dos anos 1990 fecharam as portas, teria desenvolvedor que precisaria ser conquistado do zero. A não ser que a Sega focasse no mercado indie, como o Ouya. Mas nem mesmo o Ouya goza de hegemonia em seu nicho de microconsoles, com o qual também divide espaço com M.O.J.O. e GameStick. Onde distribui senha?

3. Uma empresa que não produz hardware há quase duas décadas, se quiser voltar a fazê-lo vai ter que fazer algo realmente surpreendente, fuderoso, pica das galáxias! Para tanto, precisaria de muito, mas muuuuuuito inve$timento. No caso da Sega e sua zona de conforto dentro das margens de lucro, isso não parece interessante.

Logo, parece mais razoável não considerar um retorno triunfal tão cedo. Mas de Sônia Abrão e louco todo mundo tem um pouco. Resultado: Sega lançou um "console retrô" no começo da década de 2010 (desses que vêm com alguns jogos antigos na memória e nenhuma possibilidade de novos softwares), e já começaram a especular uma volta, que não ocorreu.

Sega Zone: apenas um "vale a pena ver de novo".

Em 2014, surgiram rumores de que seria lançado um console conjunto entre Sega e Nintendo durante a E3, numa estratégia mercadológica quase surreal. E é óbvio que não aconteceu. Galera tá pirando, mas é criativa, cheia das ideias... devia usar essa criatividade produzindo games.

Leitura recomendada aqui e aqui.


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William Ã© publicitário, ator, já fez roteiros pra rádio e ama Sonic. Curte  jogos de plataforma, mas não dispensa um GTA ou Mario Kart. No mundo literário, também atende por Enki Jr.
Curupira, Saci Pererê, Monstro do Lago Ness e o novo console da Sega Curupira, Saci Pererê, Monstro do Lago Ness e o novo console da Sega Reviewed by Enki Jr. on 9.1.15 Rating: 5

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