Nintendo foi ali tomar um ar e já volta
O estrondo foi grande. "Nintendo está fora do Brasil" foi uma frase que fez estardalhaço e causou comoção, choro e ranger de dentes. Mas talvez não seja para tanto.
Imagine que o mercado de games é uma roleta de cassino e, numa rodada de apostas muito altas, a Nintendo preferiu ficar sem apostar e não desafiar a banca. Aí ela foi ali fora tomar um arzinho, espairecer, pensar no que ainda dá pra fazer... É mais ou menos isso. Uma das características marcantes da Nintendo, pelo menos nos últimos anos, é não tentar em vão disfarçar as crises internas que estão escancaradas - até onde isso é qualidade ou defeito, aí já é outra história.
Sua retirada do mercado brasileiro é apenas um reflexo de uma das tantas decisões desacertadas tomadas pela Big N (ultimamente nem tão big assim...). Que a carga tributária do Brasil é um negócio ultrajante ninguém duvida. Temos carga semelhante à de países com renda per capita bem maior. E é essa disparidade entre carga tributária e renda média do cidadão comum que pesa na hora de uma empresa prosperar ou não no país.
Ao contrário de Sony e Microsoft que passaram a fabricar hardware e software no Brasil, a Nintendo nada fez nesse sentido, ajudando seu produto puramente importado a ficar ainda menos competitivo do que já vinha sendo por razões como jogabilidade e configurações.
O diretor geral para a América Latina, Bill van Zyll, afirmou que não estão desistindo do Brasil, mas montar uma estrututa de fabricação no Brasil é algo caro e fora de cogitação por enquanto. É bom lembrar, porém, que a Nintendo atuou por um bom tempo no Brasil, entre as décadas de 1980 e 1990, em uma parceria com a Gradiente (que rendeu propagandas memoráveis e pérolas como "é Nintendo ou nada"). Ou seja, não precisaria necessariamente criar uma estrutura do zero.
Se eles mesmos vão chegar a essa conclusão, não se sabe. Mal das pernas com o Wii U, que passou a vender melhor mas ainda não se tornou aquele espetáculo, a Nintendo vai muito bem quando o assunto é portátil. Seu 3DS já vendeu mais de 50 milhões de unidades pelo mundo, enquanto que PS Vita, o protátil da Sony, não vendeu nem 10 milhões. Em outras palavras, por mais que portáteis custem bem menos, eles não estão à beira da falência.
Mas, de qualquer forma, terão que investir. E a saída do Brasil servirá para uma reorganização estratégica, como já afirmou o Bill van Zyll. Agora, Nintendo irá avaliar os próximos passos para uma volta que TEM que acontecer. Não por causa apenas dos fãs, mas porque, bem ou mal, o Brasil ainda é o 4º maior mercado de games do mundo. E isso deve servir de algo.
"Ame-o ou deixe-o"
Não dá pra se ter certeza se a saída da Nintendo do Brasil fez mais estrago à imagem do país ou da própria empresa. Mas a repercussão internacional foi grande, e num mercado com cada vez mais especuladores, uma notícia assim não é muito atrativa a um investidor-anjo por exemplo.
Já entre os consumidores, resta aproveitar por enquanto. A loja de game que quiser importar por si só, a partir de agora, certamente venderá artigos Nintendo a preços ainda mais salgados do que atualmente. Por outro lado, comprar importado como pessoa física é menos difícil do que parece. Se você não tem cartão de crédito convencional, pode até usar um cartão pré-pago, cujas taxas estão cada vez mais atrativas. A nova taxação por importação, em vigor desde o ano passado e o câmbio elevado de moedas como dólar e euro também servem como desincentivos. Mas considerando que importações de pessoa física te isentam do lucro do importador e do lojista, talvez ainda valha a pena, pondo na ponta de lápis. Mas nada muda o fato de que NÃO TÁ FÁCIL PRA NINGUÉM.
Comercial do Game Boy nos anos 90. Lembranças de uma época bem mais favorável.
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Imagine que o mercado de games é uma roleta de cassino e, numa rodada de apostas muito altas, a Nintendo preferiu ficar sem apostar e não desafiar a banca. Aí ela foi ali fora tomar um arzinho, espairecer, pensar no que ainda dá pra fazer... É mais ou menos isso. Uma das características marcantes da Nintendo, pelo menos nos últimos anos, é não tentar em vão disfarçar as crises internas que estão escancaradas - até onde isso é qualidade ou defeito, aí já é outra história.
Sua retirada do mercado brasileiro é apenas um reflexo de uma das tantas decisões desacertadas tomadas pela Big N (ultimamente nem tão big assim...). Que a carga tributária do Brasil é um negócio ultrajante ninguém duvida. Temos carga semelhante à de países com renda per capita bem maior. E é essa disparidade entre carga tributária e renda média do cidadão comum que pesa na hora de uma empresa prosperar ou não no país.
Ao contrário de Sony e Microsoft que passaram a fabricar hardware e software no Brasil, a Nintendo nada fez nesse sentido, ajudando seu produto puramente importado a ficar ainda menos competitivo do que já vinha sendo por razões como jogabilidade e configurações.
O diretor geral para a América Latina, Bill van Zyll, afirmou que não estão desistindo do Brasil, mas montar uma estrututa de fabricação no Brasil é algo caro e fora de cogitação por enquanto. É bom lembrar, porém, que a Nintendo atuou por um bom tempo no Brasil, entre as décadas de 1980 e 1990, em uma parceria com a Gradiente (que rendeu propagandas memoráveis e pérolas como "é Nintendo ou nada"). Ou seja, não precisaria necessariamente criar uma estrutura do zero.
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| Bill van Zyll (foto): com esse nome, podia ser um personagem de game, mas é "só" o diretor pra América Latina... |
Se eles mesmos vão chegar a essa conclusão, não se sabe. Mal das pernas com o Wii U, que passou a vender melhor mas ainda não se tornou aquele espetáculo, a Nintendo vai muito bem quando o assunto é portátil. Seu 3DS já vendeu mais de 50 milhões de unidades pelo mundo, enquanto que PS Vita, o protátil da Sony, não vendeu nem 10 milhões. Em outras palavras, por mais que portáteis custem bem menos, eles não estão à beira da falência.
Mas, de qualquer forma, terão que investir. E a saída do Brasil servirá para uma reorganização estratégica, como já afirmou o Bill van Zyll. Agora, Nintendo irá avaliar os próximos passos para uma volta que TEM que acontecer. Não por causa apenas dos fãs, mas porque, bem ou mal, o Brasil ainda é o 4º maior mercado de games do mundo. E isso deve servir de algo.
"Ame-o ou deixe-o"
Não dá pra se ter certeza se a saída da Nintendo do Brasil fez mais estrago à imagem do país ou da própria empresa. Mas a repercussão internacional foi grande, e num mercado com cada vez mais especuladores, uma notícia assim não é muito atrativa a um investidor-anjo por exemplo.
Já entre os consumidores, resta aproveitar por enquanto. A loja de game que quiser importar por si só, a partir de agora, certamente venderá artigos Nintendo a preços ainda mais salgados do que atualmente. Por outro lado, comprar importado como pessoa física é menos difícil do que parece. Se você não tem cartão de crédito convencional, pode até usar um cartão pré-pago, cujas taxas estão cada vez mais atrativas. A nova taxação por importação, em vigor desde o ano passado e o câmbio elevado de moedas como dólar e euro também servem como desincentivos. Mas considerando que importações de pessoa física te isentam do lucro do importador e do lojista, talvez ainda valha a pena, pondo na ponta de lápis. Mas nada muda o fato de que NÃO TÁ FÁCIL PRA NINGUÉM.
Comercial do Game Boy nos anos 90. Lembranças de uma época bem mais favorável.
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William é publicitário, ator, já fez roteiros pra rádio e ama Sonic. Curte jogos de plataforma, mas não dispensa um GTA ou Mario Kart. No mundo literário, também atende por Enki Jr.
Nintendo foi ali tomar um ar e já volta
Reviewed by Enki Jr.
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10.1.15
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eu ja fui otimista assim c/ a sega... olha o q deu
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