O Mario Kart do Chaves

De repente Sonic, o ouriço mais rápido do mundo, aparece pilotando um carro no game Sonic & Sega All Star Race. "Se ele é tão rápido, por que está num jogo de carros?", perguntaram. Comparações com o já tradicional Mario Kart foram inevitáveis. A diferença estava nos veículos da corrida: já que o Sonic é mais marrento que o Mario, os carros também têm mais “cara de carrão”, ao contrário do espírito meio infantil com jeito de “Corrida Maluca” que há na franquia do encanador bigodudo.

A vanguarda da Nintendo ao colocar seus personagens de plataforma num jogo de corrida, lá na década de 1990, é inegável. A “inspiração” que isso gerou na concorrência também. Até a finlandesa Rovio entrou nesse ramo ao colocar seus pássaros e porcos numa corrida tão maluca quanto a de Mario Kart. Angy Birds Go! foi lançado em 2013 e é um jogo lindo e maravilhoso, embora seus gráficos, de tão bons, impeçam que o jogo rode num celular menos potente.

 Angry Birds e seus possantes: cada um corre como pode.

A Rovio hoje ocupa o posto de maior produtora de jogos para celulares e tablets no mundo – mesmo posto que a Nintendo um dia já ocupou em relação aos consoles. No “Mario Kart dos Angry Birds”, o diferencial está no estilingue, que serve como propulsor para os calhambeques amalucados.

Mas eis que, “correndo por fora”, surge mais alguém interessado nessa onda de corridas malucas. El Chavo Kart é mais incisivo: nem disfarça que Mario Kart é sua influência. Talvez abra precedentes para outras franquias usarem “Kart” no nome, sem medo de ser feliz. Ou não. Afinal, o seriado Chaves não faz sucesso no Japão como faz na América Latina, mas aí já é outra história. Alguma coisas do jogo são profundamente previsíveis, como por exemplo, o Chaves correr num carro em formato de barril.

Chaves chegou ao mundo dos fangames há muito tempo, através do lendário Street Chaves – espécie de Street Fighter com “adaptações” feito por uma equipe independente – mas só desembarcou aos games oficiais em 2012, com o jogo Chaves, lançado para Wii. Sendo uma espécie de “Mario Party”, cheio de minigames e um ar “brincadeiras de quermesse”, o jogo foi muito criticado por bugar demais. Virou uma espécie de jogo para colecionador ou fã, daqueles que adquire tudo o que saia sobre seu ídolo, mas não para o público em geral, costumeiramente mais exigente. Chaves Kart é obra da mesma desenvolvedora do primeiro jogo do Chaves, a um tanto desconhecida Slang.

Se tem menos falhas que o jogo anterior de Chaves, só jogando para saber! E pouca gente já jogou, pois o game acaba de chegar ao mercado, dessa vez apenas para Xbox 360, PS Vita e Playstation 3 (“Oitava geração? Isso non ecziste!”). Nintendo? Passou longe (até o Chaves ignorou o Wii U, sinal de que a coisa tá feia).

Será que Jaiminho, o carteiro, corre de bicicleta?

William é publicitário, roteirista, ator em formação e Sonicmaníaco. Curte  jogos de plataforma, mas não dispensa um GTA ou Mario Kart. No mundo literário, também atende como Enki Jr.