[TopoDestaque][txmag]

7 Dicas para quem deu ou pretende dar video game como presente

O primeiro mês do ano está acabando, e talvez seu filho tenha pedido um video game para o Papai Noel, e talvez você tenha dado. Ou ainda, talvez queira dar num natal futuro ou no aniversário.

Nos próximos minutos você receberá dicas importantes sobre jogos digitais. Essas dicas são destinadas especialmente àqueles pais ou avôs que, ao contrário de certa geração de 30 ou 40 anos de idade, não jogou videogames na infância, entendem pouco ou nada sobre isso, e só comprou ou pretende comprar um console por que... porque sim, ora (Schin, me patrocina?).


7. Muito Além do Consolão Kane

Alguns consoles vêm com jogos na memória ou com algum jogo "grátis" que vem no kit.  Mas, sinto te informar que seu filho, neto, sobrinho, ou seja lá quem for certamente irá querer bem mais que isso.

E, bem, a não ser que estejamos falando de uma moça ou rapaz que já recebe uns caraminguás trabalhando como escraviário menor aprendiz, você paizão/vozão/tiozão/mãezona é quem provavelmente vai arcar com os outros jogos – seja de forma direta, seja através de alguma mesada que você já dá.

No Brasil, os jogos de video game... como é que eu posso dizer... não são precisamente baratos, sabe? Mesmo muitos para download têm preço meio salgado.

Daí você pode cair na tentação de comprar um jogo pirata. Estou longe de te incentivar a fazer isso, detesto piratão, não recomendo de jeito nenhum! Massssss... caso você queira realmente ir por esse lado, FIQUE MUITO ESPERTO. Boa parte dos consoles têm tecnologia que inibe a entrada de mídia pirateada, e se isso acontecer, seu console – ou o do seu filho, neto, enfim – vai travar!

Cuidado para o barato não sair caro.


E pra destravar depois de travado, olha... você vai ter um trabalho do cão e gastar uma grana considerável.

Portanto, se pretende se render aos Jack Sparrows do camelô, primeiro procure alguém que “desbloqueie” o console. Muitas vezes, isso é feito pela própria pessoa que vende os jogos piratas. Repito que não recomendo isso de jeito nenhum, só não estou sendo hipócrita de achar que as pessoas não fazem isso.

Já se você for para fora do país e quiser comprar jogos lá, já que são mais baratos, fique esperto com relação ao zoneamento, especialmente se for comprar algum artigo da Nintendo. Jogos comercializados na Europa, por exemplo, não são executados nos aparelhos Nintendo disponíveis nas Américas.

Bom funcionamento, diversão garantida.
 Também preste atenção em todo o nome do console. Jogos de PlayStation 4 não rodam em PlayStation 3, apesar do contrário ser válido. Já os jogos do XBox ONE e do XBox 360 não são compatíveis entre si e ponto final.

6. De olho na classificação indicativa, pelamordedeus!

Um moleque de 10 anos não pode jogar GTA V (nem IV, nem III, nem nenhum!). Não adianta espernear! É muito fácil culpar a indústria do videogame pelo seu filho pré-adolescente ter ficado mais nervoso e desequilibrado depois de jogar Assassin's Creed. Mas TODOS (não boa parte, TODOS) os jogos sob acusação de incentivar a violência, estão devidamente classificados – e, dificilmente estão recomendados a menor de 18 anos.

O Sistema de classificação europeu (PEGI) ainda é mais eficiente que o brasileiro, que divide os jogos em Livres, 10, 12, 14, 16 e 18 anos. Ao contrário da Europa, o Brasil usa a mesma classificação para televisão e cinema, por isso desconsidera certas particularidades dos jogos de primeira infância. Ainda assim, é um sistema passível de confiança.


A informação sobre classificação etária costuma ficar escancarada na capa do jogo. Trata-se de uma informação tão importante como de fácil acesso.


"Essas análises são feitas por especialistas. Além disso, a presença da família é sempre essencial para a formação dos princípios e dos valores das crianças", afirma Roseli Goffman, psicóloga e conselheira do Conselho Federal de Psicologia, para esse artigo do Estado de Minas.

Cabe aos responsáveis comprar jogos adequados à idade, ou, no caso de crianças que já têm seu próprio dinheiro, estabelecer uma relação de confiança mútua, alertando para a importância dele(a) só jogar o que for pertinente à idade.

Se bem que aconselhar “relação de confiança” mútua a uma geração de pais que promoveu canais e DVDs infantis ao posto de babás permanentes é meio que pedir demais. Mas se você for um adulto minimamente consciente, a dica é essa.

5. Jogue junto!

Você não nasceu sabendo. Mesmo que hoje você seja um dos melhores profissionais na profissão que desempenha, você certamente não sabia desempenhá-la desde sempre. Portanto, vamos deixar disso de “não sei essas modernidades”.

Talvez você se divirta jogando com seu filho/sobrinho/neto, ou talvez não. Talvez aprenda rapidamente como se joga, ou demore um pouquinho. Mas, mesmo que não goste, deve considerar jogar junto, não pela sua diversão, mas sim para estar ciente do que a criança está fazendo. SABER faz toda a diferença, até na hora de pedir pra ele abandonar o jogo e vir almoçar.

Momento em família.


Para Elizabeth Hayes, professora da Universidade do Estado do Arizona, citada neste artigo da Forbes, os benefícios vão além. "Muitas vezes os pais não entendem que muitos video games são feitos para serem compartilhados e podem ensinar os jovens sobre ciência, alfabetização e resolução de problemas. Jogar com seus filhos também oferece aos pais inúmeras maneiras de inserir o seu próprio 'momento para ensinar'."

4. Considere agregar em vez de confrontar

Não se deixe guiar pelo pensamento pobre e tacanho de que as crianças e jovens de hoje em dia não gostam de bola de gude, pipa, pega-pega, pião e afins. Sim, é de se considerar que muitas crianças moram em lugares onde é impensável brincar na rua, ainda que pião e pega-pega sejam possíveis na quadra do condomínio, por exemplo.

O pião tem até um aliado: a Beyblade. O brinquedo, que surgiu numa franquia de games e desenhos homônima e que ainda faz certo sucesso tem uma dinâmica muito semelhante àquele velho pião de madeira do vovô.

Até é interessante focar na vantagem que o pião tem em relação à Beyblade – puxar a cordinha é bem mais fácil que aquela coisa dentada da Beyblade – mas, ainda assim, o menosprezo às diversões de hoje em dia é algo desnecessário.

Aí mora o segredo: não menosprezar! Quando um adulto menospreza o video game ou o tablet em que uma criança joga, dizendo que os brinquedos de sua época eram muito melhores, ele não está incentivando a criança a brincar com esses brinquedos. Está, na verdade, estimulando a competição e favorecendo à criança ou adolescente que prove que seu Pokémon X & Y é melhor que qualquer peteca.

 A dica que fica é agregar as opções antigas, em vêz de pô-las num pedestal que diminui as hodiernas a lixo. Uma criança nunca vai se interessar por qualquer brinquedo que coloque os que ela já conhece em perigo.

O duelo "pião vs. Beyblade" é só um entre várias brigas ideológicas desnecessárias sobre a superioridade dos brinquedos antigos ou dos mais novos. Abaixo, uma versão de Beyblade para Nintendo DS. "Beyblade não inclusa".
 

Já em 2002, a  Assembleia Governamental de Políticas de Jogo do País de Gales tinha um posicionamento em relação às variadas formas de brincar e jogar.

"O jogo é tão criticamente importante para todas as crianças no desenvolvimento de suas habilidades físicas, sociais, mentais, emocionais e criativas que a sociedade deve procurar todas as oportunidades para apoiá-lo e criar um ambiente que estimule-o ... A capacidade da criança para o desenvolvimento positivo será inibido ou constrangido se negado o acesso livre a mais ampla gama de ambientes e oportunidades de jogo", afirma a Assembleia, conforme citado neste estudo da Associação Europeia de Indústria de Brinquedos (TIE):

3. Permissão pode ser mais interessante que recompensa

Jogar só aos fins de semana e feriados, só nas férias, só no carnaval, só quando chove neve com gostinho de limão, sei lá! Cada pai é – ou deveria ser – consciente do que melhor cabe à realidade com os filhos. Já a questão da recompensa, a priori, é vista com reservar por parte dos profissionais interessados no desenvolvimento infantil.

"Só vai jogar se comer". Será?


Para o Dr. Randy Kulman, fundador do site LearningWorks for Kids e grande interessado no uso de video games como auxiliares na educação de crianças, o uso do mesmo como prêmio pode causar um efeito comumente não desejado. "Isto muitas vezes transmite a mensagem de que o vídeo game e a tecnologia são apenas tolerados, não vistos como oportunidades de aprendizagem. Por sua vez, trabalhos de casa, tarefas e outras obrigações são lançados na mesma luz - são coisas em que se apressar, não atividades que possam trazer qualquer satisfação real", afirma Kulman num artigo de seu site.


2. Esqueça as velhas lendas, mas não faça concessões maiores que a idade do jogador


Video games não estragam nem nunca estragaram televisões. Até é considerável a hipótese de que as televisões de antigamente estragavam por ficar muito mais tempo ligadas, mas o console em si não tem todo esse poder. Portanto, o único argumento para desligar um video game depois de uma sessão de horas é o bom senso.

"Estraga não, manhê..."
Também esqueça qualquer ideia de super desenvolvimento ou danos irreversíveis à exposição ao video game. Os resultados do uso moderado ou exagerado dos jogos eletrônicos já estão disponíveis em pesquisas, e é o que importa.

De qualquer maneira, ainda é muito interessante que um jogador, quando muito pequeno, o faça num aparelho à vista dos pais. Video game e televisão no quarto para uma criança muito pequena jamais seriam

1. Lembre-se: videogame não é babá!

Isso já foi citado no item 6, mas vale a pena reforçar. Há pais que usam DVDs infantis, canais infantis do YouTube ou canais de desenho da TV paga como babás. Quando dão por si, a criança está “muito distante” e nada parece devolvê-la novamente ao seio familiar.

Nada do citado acima é necessariamente ruim. Costumo, por exemplo, discordar de quem critica o projeto Galinha Pintadinha, considerá-lo lixo cultural. A Galinha, na verdade, devolveu às crianças aquelas canções infantis e folclóricas que muitos pais e escolas já haviam esquecido. Nem por isso o projeto tem capacidade para cuidar de uma criança e transformá-la num cidadão.

Da mesma forma, dar um tablet, um videogame portátil (3DS, PSVita) ou mesmo um console para uma criança ou adolescente esperando “domá-lo” ou “amansá-lo” é um erro terrível.

Lá versus aqui.

Os pais deveriam, desde sempre, se incluir nas atividades dos filhos e chamá-los para suas atividades. Depois que o abismo entre "as coisas dos pais" e "as coisas dos filhos" fica muito grande, torna-se difícil construir uma ponte entre eles. De tal forma que, em algum momento, o uso das "coisas dos filhos" como arma vai parar de funcionar.

Imagens: Customers Rock / Abril / Kotaku Brasil / Corbis Images

 
William Ã© publicitário, ator, já fez roteiros pra rádio e ama Sonic. Curte  jogos de plataforma, mas não dispensa um GTA ou Mario Kart. No mundo literário, também atende por Enki Jr.
7 Dicas para quem deu ou pretende dar video game como presente 7 Dicas para quem deu ou pretende dar video game como presente Reviewed by Enki Jr. on 31.1.15 Rating: 5

Nenhum comentário