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CRÍTICA: Nintendo, DeNA, smartphones e histeria

Quando uma decisão mercadológica parece inevitável, e quase todas as empresas de um ramo a tomam, quem fica para trás amarga o fracasso - a menos que seja uma gigante, como é o caso da Nintendo, que pode se dar ao luxo de fazer avaliações, testes e cabeçadas antes de tomar o caminho inevitável.

A incursão da gigante japonesa no mercado de jogos mobile (pra smartphones, tablets, etc.) era uma cobrança de acionistas, produtores e fãs da empresa há, pelo menos, 5 anos. O diferencial de 2010 para o atual momento é que o mercado mobile cresceu de tal forma que já está passando o tradicional - esse dos consoles, jogos em mídia física, combate árduo à pirataria, etc. Em outras palavras, estender-se ao mercado mobile deixou de ser um "charme" e passou a se enquadrar como sobrevivência.

A decisão tão esperada veio semana passada, e o alarde foi inevitável. Para os planos grandiosos, Nintendo anunciou parceria com a DeNA, empresa pela qual a Big N adquiriu 10% do controle acionário e que, sejamos sinceros, uma parte significativa do público jamais havia ouvido falar!

Mario e Luigi quase cantando ♫ AAAA-LELUIA ♪


Hoje já ficou claro que a DeNA é uma companhia japonesa que nasceu praticamente como start up e está em ascenção vertiginosa, mas que atualmente ainda não tem alcance global tão contundente (a propósito, o único escritório da DeNA na América do Sul fica no Chile, e interprete essa informação como achar melhor).

A DeNA é proprietária do Mobage, uma plataforma mobile de jogos (numa comparação porca, uma espécie de Origin ou Steam para Android). Sim, o que tanto atrai a DeNA na Nintendo é o Mobage, e não seus belos olhos azuis. Para o próximo passo, porém, a DeNA pretende abandonar o nome Mobage para que a empresa se torne uma coisa só.

"Mobage"? Isso não te pertence mais.

Anúncio feito, resta esperar os tais jogos mobile, certo? Certo. Mas muito além de cerveja, maconha ou cocaína, o homem moderno é viciado em novidades e boatos. Ou seja, até que o primeiro jogo mobile da Nintendo seja lançado (Segundo Iwata, agora mesmo em 2015), rumores disso ou daquilo ainda vão rechear páginas como o IGN, especulações sem sentido e fofocas infundados como aquela de que Nintendo e Sega planejavam um console juntas vão pipocar, tanto no primeiro de abril como depois.

A Nintendo demorou tanto pra anunciar o que todos já aguardavam pelo próprio bem da empresa, tão taxada de conservadora, que quando o anúncio veio, criou-se uma histeria. O anúncio do projeto NX já fez uma loja australiana divulgar que aceita pedidos antecipados do console de nona geração apesar das informações ainda escassas sobre o projeto; Donkey Kong, Link e Mario não conseguem mais dormir em paz; teorias quase conspiratórias surgem em fóruns de games...

Pode pôr no álbum de família.

Até essa história cansar, ainda veremos muita bobagem ser escrita. Diz que a ida da Nintendo também pras plataformas mobile vai trazer algo de super inovador. Esperamos que seja mesmo. Mas de todo esse furacão especulatório que se formou, dá pra ter pelo menos a certeza que não estamos falando de qualquer Candy Crush.


William é publicitário, ator, já fez roteiros pra rádio e ama Sonic. Curte  jogos de plataforma, mas não dispensa um GTA ou Mario Kart. No mundo literário, também atende por Enki Jr.

CRÍTICA: Nintendo, DeNA, smartphones e histeria CRÍTICA: Nintendo, DeNA, smartphones e histeria Reviewed by Enki Jr. on 26.3.15 Rating: 5

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