Paralelos Mario X Sonic #3 – Gestão de Personagens

Vários termos ultimamente vêm tomando o meio empresarial, tais como Gestão de Pessoas, Gestão de Recursos e tantas outras “gestões” que a gente vê por aí. A Nintendo, por sua vez, tem tido uma ótima prática naquilo que defino como “Gestão de Personagens” e, a considerar que o mundo dos games tem sido levado cada vez mais a sério, isso poderia ser, até mesmo, um assunto para palestra.

Trata-se de um dos aspectos que maior participação tem no sucesso de Super Mario. Enquanto a série vem ganhando personagens novos a cada jogo, que acabam ganhando gradualmente a sua importância na série Mario, a Sega vem sendo completamente displicente em relação aos personagens de Sonic. A verdade é que boa parte dos personagens de Sonic passa batido num teste de reconhecimento, e a culpa por isso é da própria Sega que não os expõe como deveria.

Na verdade, nos últimos jogos de Sonic mal o Tails tem aparecido. Knuckles, muito menos! Dr. Robotnik teve seu nome mudado para Eggman, deixando vários fãs de Sonic descontentes, e os erros de avaliação não acabam por aí. A Sega teve algumas tentativas de fazer outros personagens decolarem, e até criou um antagonista de Sonic, que era Shadow, The Hedgehog (Shadow está para Sonic como Wario está para Mario?). Não vingou. Shadow não tem carisma – sim, é preciso ter algum carisma pra ser antagonista numa turma de videogame de plataforma – e dificilmente estamparia uma camiseta. O fato é que, neste exato momento, enquanto escrevo esse artigo, tem uma embalagem de Sonic Heroes (2003) à minha frente, e em sua contracapa há 12 personagens, dos quais 8 eu não lembro o nome.

Do lado da Nintendo, as coisas são bem diferentes. Foi-se investindo (não sei se proposital ou acidentalmente) num aumento gradual no número de personagens da série, e como cada um tem uma personalidade bem definida, eles acabam por crescer, dando margem à criação de novos produtos. Quem teve a brilhante ideia de criar personagens tão lindamente toscos como Wario e Waluigi? Pois veja bem, tiveram a capacidade de piratear Mario e colocar o produto de sua “pirataria” dentro do universo de sua própria matriz! Ainda mais... quem foi a mente genial que juntou encanadores, princesas, dinossauros, tartarugas, fantasmas, cogumelos e outras figuras que nada têm a ver uma com a outra numa mesma realidade? Quem? (Na verdade não sei, nem deve ter sido uma pessoa só... HUAHUAHUAHUA, tá parei... mas vou dizer que foi a Nintendo).

Boa parte só durou um jogo o.O (Tirada daqui).

Eu adoro Sonic, e quem me conhece sabe que prefiro ele a Mario, mas não posso deixar de admirar e admitir que os idealizadores da franquia do italiano encanador gerem muito bem seus personagens. O resultado vem no constante lançamento de spin-offs de Mario e seus correligionários, cujo sucesso dificilmente é alcançado pelos spin-offs de Sonic. A Sega, ao usar personagens de maneira descartável, em um ou dois jogos apenas, perde a oportunidade de abrir o leque para novos investimentos, modelos de negócio (grana, rapá!). Chip, o simpático bichinho de Sonic Unleashed, poderia ter continuado a aparecer, da mesma forma como os Whisps de Sonic Colours. Por que foram postos de lado? Se bem que, se a Sega não consegue nem cuidar direito dos catorze ou quinze personagens fixos que a “Turma do Sonic” já tem, pra quê criar mais, não é mesmo?

 William é publicitário, roteirista, ator em formação e Sonicmaníaco. Curte  jogos de plataforma, mas não dispensa um GTA ou Mario Kart.