“Toons” leva os Angry Birds à estética das animações clássicas

... e o Terêncio lá no fundo, com aquele humor de quem tomou leite azedo.

O personagem sobrevive a tudo, ainda que com sequelas. Quem é esmagado por uma pedra, sai andando igual panqueca. Quem é vítima de uma explosão, sai todo sujo de fuligem. Quem cai de um penhasco, fica com a cabeça balançando por atordoamento. Mas sempre sobrevive e, no quadro seguinte, já está completamente normal.

Foi assim com clássicos da Warner, como Piu Piu & Frajola e Papa Léguas. Em comum, esses dois exemplos anteriores têm uma atribuída cadeia alimentar. Frajola, o gato, quer almoçar Piu Piu, o passarinho, enquanto Wile E. Coyote também tem sonhos alimentícios com Papa Léguas.

Wile E. Coyote prestes a se lascar pela milionésima vez na série de desenhos de 1949.

Colocar Angry Birds Toons no mesmo balaio desses dois clássicos da Warner Bros. não é nenhum despropósito. A história que consagrou a luta entre passarinhos e porcos nos jogos para smartphone e tablet (e, por último, nos videogames) também parte de um pressuposto de cadeia alimentar: os porcos querem os ovos dos Angry Birds, e esses lutam para pegar de volta.

Na série de desenhos animados de 2013 – que só foi produzida porque a série de games fez estrondoso sucesso – os Angry Birds se aproximam muito daquele desenho animado, até um pouco politicamente incorreto, que era feito lá pelas décadas de 1940 a 1960 nos Estados Unidos. Se a finlandesa Rovio bebeu dessa fonte? Certamente, senão a série não se chamaria “Toons”.

Se a estética do desenho em si lembra os clássicos, a concepção do projeto é bem mais século XXI. A exemplo de Pingu, o pinguim francês feito de massinha, os Angry Birds não falam, dispensando dubladores regionais e fazendo com que o desenho já saia de fábrica conversando com todo o mundo. Além disso, os episódios de Angry Birds Toons são bem curtinhos, com duração entre dois e três minutos, o que até não atrai muito os olhos da TV aberta, mas cai bem à fechada – no Brasil, a série é transmitida pelo canal Gloob.

Divulgação.

Mas os Angry Birds não precisam de TV aberta! Para uma série de games que cresceu com as próprias pernas na internet, com seus joguinhos docemente viciantes, uma legitimação na TV aberta é algo do qual não se faz questão. Com até um longa-metragem previsto para 2016, Angry Birds sobrevive muito bem com os acessos de seus fãs, ávidos por curtos e divertidos episódios na Toons.tv – ou pelo DVD, que custa vintão na maioria das lojas e eu já tenho um *_*

William é publicitário, roteirista, ator em formação e Sonicmaníaco. Curte  jogos de plataforma, mas não dispensa um GTA ou Mario Kart. No mundo literário,