Angry Birds Stella é uma overdose de fofura, mas é mais do mesmo
Ela é uma cacatua rosinha, charmosa, e pelo que Angry Birds Toons
leva a crer, namora o Red (símbolo máximo da franquia, o “Pikachu” de Angry
Birds). Ela é Stella. Até outro dia, ela estava num grau de importância um
pouquinho menor que o de outros personagens da série como Chucky, Terêncio, Os
Azuis e até mesmo do próprio Red.
Mas Stella não foi plantada ali por acaso. Ela viria para
abrir a porta de uma espécie de mundo paralelo dentro do próprio mundo dos
Angry Birds. Disso, nasceu Angry Birds Stella, sem dúvida o título mais
estranho da série até aqui. Já tivemos plot com Star Wars, com os filmes
da série Rio, um divertidíssimo game de corridas ao estilo Mario Kart
e um novo plot com a série de cinema Transformers, prometida para
logo mais. Mas o jogo protagonizado por Stella não traz nada de realmente novo,
e seu protagonismo parece difícil de se justificar.
No jogo, Stella é a única personagem “antiga” entre os
pássaros. A missão é a mesma de qualquer título da série até agora, à exceção
de Angry Birds Go: lançar os raivosinhos com estilingue e acabar com os
Bad Piggies. O que há de diferente são os novos personagens – 5 para ser exato
– e suas habilidades diferenciadas. Algo também mudou na dinâmica: agora você
pode parar o pássaro no ar, e calcular o resto do trajeto levando em conta seu
poder. Mas não há nada de tão novo, genial ou profundamente inovador nos
poderes, a não ser o do pequeno Luca, o passarinho bebê – que lembra um pouco
os Azuis trigêmeos – cuja habilidade é quebrar vidros com a força de seu grito.
O poder de Stella também mudou. Se nos outros títulos da
série, sua especialidade era criar bolas de sabão (♪ virou minha cabeça e o
coração ♫), agora, ela grita um “rááá” quase sergiomallandresco e tem um super
upgrade na velocidade, lascando com a vida dos Bad Piggies com mais eficiência.
Outro fato curioso é haver uma vilã passarinha – uma ex-amiga de Stella que
andou brigando com ela na fila do milkshake do Bob's e resolveu se aliar aos
porcos – algo não imaginado na franquia até agora, mas cujo efeito acaba logo
no baque inicial.
O que há de mais curioso em Angry Birds Stella é a fofice.
Claro que a franquia sempre apostou no “cuti-cuti”, mas em ABS isso é levado à
exaustão, desde o cenário com cores mais envolventes até as figurinhas dos
personagens que vão gradualmente preenchendo um álbum virtual. E isso tem um
motivo bem definido: o lançamento da série de desenhos “Angry Birds Stella” na
Toons.TV, previsto para o início de novembro, e que certamente desaguará em sua
distribuição em emissoras de TV paga ao redor do mundo. Quem viu o artigo que
fiz sobre o Angry Birds Toons (ou, obviamente, assistiu ao desenho) deve ter
percebido que, embora tenha classificação livre, ele é meio… digamos…
politicamente incorreto. Seus episódios são cheios daquelas situações comuns no
Papa Léguas ou em Tom & Jerry (personagem explodindo, caindo
de penhasco, sendo atropelado, traído, assado, amassado por pedra, etc.). Já a
série de Stella focará na primeira infância, e trará valores mais altruístas –
em outras palavras, vai tentar pegar uma fatiazinha do bolo de Peppa Pig.
Não era bem esse o bolo do qual eu me referia, mas o “bolo de mercado”.
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E, vejamos, ampliar o público-alvo nunca fez mal a ninguém.
Com esse passo, a Rovio decide, definitivamente, que os desenhos animados não
são mera cereja do bolo, e sim, parte dele (puxa, como tô falando de bolo, deve
ser de tanto ver cupcakes em Angry Birds Go!). Mas, voltando ao assunto do
jogo, fica aquela clara recomendação para quem é fã da série, mas a sinceridade
de quem percebeu que não há nada de tão pirotécnico ali.
William é publicitário, roteirista, ator em formação e Sonicmaníaco. Curte jogos de plataforma, mas não dispensa um GTA ou Mario Kart. No mundo literário, também atende por Enki Jr.
Angry Birds Stella é uma overdose de fofura, mas é mais do mesmo
Reviewed by Enki Jr.
on
10.9.14
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