Afinal, Satoru Iwata era mesmo assim tão amado?
Calma, fanboys da Nintendo. Eu também sou quase um. Não vou cometer o desatino de desrespeitar alguém que não está entre nós e que, sim, teve grande relevância na história do videogame. Nem quero polemizar "dicumforça" como Zeca Camargo falando de Cristiano Araújo. Mas já que hoje estão completando sete dias do falecimento de Satoru Iwata e a comoção maior passou, resolvi fazer uma provocação.
Eu poderia fazer um resumo da vida de Satoru Iwata e postar aqui. Poderia dizer do quanto sua forma mais íntima e informal de estabelecer um diálogo entre a Nintendo e o mundo fazia toda a diferença. Mas, sinceramente, quem quiser ler isso já tem milhares de opções à disposição.
Vamos falar de Nintendo, empresa da qual o honorável Sr. Iwata foi CEO até sua morte aos 55 anos (cedo, mas câncer é câncer).
Desde sua ascensão à presidência da Nintendo, em 2002, Satoru Iwata ganhou, sem dúvida, muitos admiradores. Mas foi também no período de tempo que se seguiu disso que concorrentes praticamente irrelevantes (leia-se: a Sony e a Microsoft) começaram a se consolidar, passando a incomodar muito. Sua maior rival até então, a Sega, virou carta fora do baralho. Enfim, a "console wars" viveu um período de dança das cadeiras, e quase não sobrou uma para a Nintendo sentar.
A Nintendo... como dizer sem soar infame... deixou de ser A Nintendo. Se isso aconteceu durante a gestão Iwata não quer dizer que possamos ter a indelicadeza de carimbá-lo postumamente como culpado. Não. Foi uma série de fatores. Mas é natural que a história de Iwata e Nintendo se confundam. Logo, a história de jogadores dos anos 1990 que, atualmente, simplesmente ignoram a Nintendo, também. "Chatice", já ouvi certa vez. "As pessoas querem foguetório, mas não entendem que o foco da Nintendo é o entretenimento para a família". É um argumento válido.
Junto a Shigeru Miyamoto, produtor e designer, Iwata era parte da linha de frente da Nintendo. É óbvio que não mandava em tudo indiscriminadamente, afinal, como qualquer empresa, a Nintendo tem um conselho deliberativo, acionistas, toda essa estrutura administrativa que não interessa ao grande público consumidor, e é natural que seja assim...
Iwata levou a sério a "governabilidade" da Nintendo. E vou tentar deixar claro aqui: sim, ele é digno da minha admiração e, provavelmente, da sua. Iwata não foi alheio ao que o público queria. Mais uma vez, não! A Nintendo já vinha desenvolvendo as readequações que tanto eram pedidas no meio, como no recente anúncio de que finalmente disponibilizaria games para tablets e smartphones e também em sua declarada vontade de pôr fim ao bloqueio regional de consoles.
Agora, já assistimos à Nintendo ganhando, ainda que aos poucos, a relevância perdida. Sucesso incontestável com Amiibos e o portátil 3DS, vê seu console doméstico atual, o Wii U, começar a se consolidar. Três dias atrás, inclusive, o site Engadget foi enfático, embora dúbio: "Nintendo estava certa sobre o Wii U. Nós estávamos errados". Ironia? Considerando a foto de Satoru Iwata logo no começo do artigo, podemos acreditar que sim. Mas a autora dá motivos sólidos para chamá-lo de "console mais consistentemente alegre da geração atual". Tire suas conclusões (em inglês).
Mas é bom para lembrarmos uma coisa. Iwata era um CEO superstar, sempre estava disponível para ressaltar a imagem de diversão que a empresa deveria manter e tinha milhões de admiradores como eu e você. Mas a Nintendo vinha (e vem) sofrendo críticas, por várias razões, também por pessoas comuns (a.k.a. consumidores) como eu e você. E cada crítica à Nintendo era, em partes, uma crítica a Iwata. Repito, ele não decidia nada sozinho. Mas nós o criticamos. Fizemos isso durante anos. E disso até dá pra fingir, mas não para fugir.
Eu poderia fazer um resumo da vida de Satoru Iwata e postar aqui. Poderia dizer do quanto sua forma mais íntima e informal de estabelecer um diálogo entre a Nintendo e o mundo fazia toda a diferença. Mas, sinceramente, quem quiser ler isso já tem milhares de opções à disposição.
Vamos falar de Nintendo, empresa da qual o honorável Sr. Iwata foi CEO até sua morte aos 55 anos (cedo, mas câncer é câncer).
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Créditos da ilustração: usuária RedIsley, no DevianArt |
Desde sua ascensão à presidência da Nintendo, em 2002, Satoru Iwata ganhou, sem dúvida, muitos admiradores. Mas foi também no período de tempo que se seguiu disso que concorrentes praticamente irrelevantes (leia-se: a Sony e a Microsoft) começaram a se consolidar, passando a incomodar muito. Sua maior rival até então, a Sega, virou carta fora do baralho. Enfim, a "console wars" viveu um período de dança das cadeiras, e quase não sobrou uma para a Nintendo sentar.
A Nintendo... como dizer sem soar infame... deixou de ser A Nintendo. Se isso aconteceu durante a gestão Iwata não quer dizer que possamos ter a indelicadeza de carimbá-lo postumamente como culpado. Não. Foi uma série de fatores. Mas é natural que a história de Iwata e Nintendo se confundam. Logo, a história de jogadores dos anos 1990 que, atualmente, simplesmente ignoram a Nintendo, também. "Chatice", já ouvi certa vez. "As pessoas querem foguetório, mas não entendem que o foco da Nintendo é o entretenimento para a família". É um argumento válido.
Junto a Shigeru Miyamoto, produtor e designer, Iwata era parte da linha de frente da Nintendo. É óbvio que não mandava em tudo indiscriminadamente, afinal, como qualquer empresa, a Nintendo tem um conselho deliberativo, acionistas, toda essa estrutura administrativa que não interessa ao grande público consumidor, e é natural que seja assim...
Iwata levou a sério a "governabilidade" da Nintendo. E vou tentar deixar claro aqui: sim, ele é digno da minha admiração e, provavelmente, da sua. Iwata não foi alheio ao que o público queria. Mais uma vez, não! A Nintendo já vinha desenvolvendo as readequações que tanto eram pedidas no meio, como no recente anúncio de que finalmente disponibilizaria games para tablets e smartphones e também em sua declarada vontade de pôr fim ao bloqueio regional de consoles.
Agora, já assistimos à Nintendo ganhando, ainda que aos poucos, a relevância perdida. Sucesso incontestável com Amiibos e o portátil 3DS, vê seu console doméstico atual, o Wii U, começar a se consolidar. Três dias atrás, inclusive, o site Engadget foi enfático, embora dúbio: "Nintendo estava certa sobre o Wii U. Nós estávamos errados". Ironia? Considerando a foto de Satoru Iwata logo no começo do artigo, podemos acreditar que sim. Mas a autora dá motivos sólidos para chamá-lo de "console mais consistentemente alegre da geração atual". Tire suas conclusões (em inglês).
Mas é bom para lembrarmos uma coisa. Iwata era um CEO superstar, sempre estava disponível para ressaltar a imagem de diversão que a empresa deveria manter e tinha milhões de admiradores como eu e você. Mas a Nintendo vinha (e vem) sofrendo críticas, por várias razões, também por pessoas comuns (a.k.a. consumidores) como eu e você. E cada crítica à Nintendo era, em partes, uma crítica a Iwata. Repito, ele não decidia nada sozinho. Mas nós o criticamos. Fizemos isso durante anos. E disso até dá pra fingir, mas não para fugir.
Afinal, Satoru Iwata era mesmo assim tão amado?
Reviewed by Enki Jr.
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MEEEU to achando isso esquisito tb desde que começou. Tdo mundo descendo a lenha na nintendo, reclamando de tudo, falando q não fazia diferença ela ir embora do brasil... de repente o cara morre e vira idolo? VTNC povo hipócrita
ResponderExcluirMas se eu puder fazer uma correção... a Apple desistiu do Pippin em 97, e o Iwata nem pegou essa época. Mas isso n chega a comprometer a ideia do texto... abraços
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirOpa, valeu por prestigiar! Que bom que você entendeu o que quis dizer... hehehe
ResponderExcluirValeu pelo toque, já tirei a parte onde eu falava do Pippin. E valeu, principalmente pela EDUCAÇÃO! Obrigado mesmo ;-