Por que jornalistas que não entendem de games fazem matérias sobre games? (E tão mal!!!)
O caso é sério. Um senhor de idade comprou, pela internet,
créditos para jogar sua Colheita Feliz no Orkut. (Sim, gente... estamos em 2013,
mas isso ainda acontece). Meses e meses depois, e os créditos dele ainda não
chegaram. Aiaiai, que ruim. Corte seco, matéria muda para uma loja de games.
Ali, o repórter entrevista um homem com ares de empresário, e ele diz que
prefere comprar créditos para seus jogos pessoalmente, na loja. O repórter,
então, reforça a idéia e surge uma espécie de conselho implícito: “prefira
comprar créditos para seus jogos pessoalmente, que é mais seguro, e não na
internet”.
Beleza, champs. Só faltou levar em consideração uma coisa:
no primeiro caso, era um homem adquirindo créditos de Colheita Feliz no Orkut.
No segundo caso, era um homem adquirindo créditos para Xbox! Quem entende o
mínimo do mínimo de games, sabe a diferença entre uma coisa e outra. Sabe que os
sistemas de crédito, cobrança, etc. de um são completamente diferentes do
outro, em inúmeros aspectos. Já quem não entende bulhufas, e estiver assistindo
à matéria, acaba achando que é tudo absolutamente igual. E a verdade é que, o
próprio corpo jornalístico que faz a matéria, não entende bulhufas, por isso
mostra que é tudo a mesma coisa.
O caso acima, mesmo que meio insólito, aconteceu na forma de
uma matéria para a edição de meio-dia de um jornal regional .
O mesmo jornal, alguns dias depois, indicou um evento de
jogos digitais como “diversão pra garotada” (versão para a web). Legal, champs. Você que já tem 30
anos e não tem filhos ainda, vai se interessar por um evento de videogame? É
claaaaaro que nãããããão! [ironia mode off]
É compreensível que um jornalista tenha que falar sobre
tudo. Mas se algo, definitivamente, não é da área dele, não adianta forçar.
Alguém aí imagina o Vinícius Valverde, repórter de celebridades e Big Brother,
fazendo matéria sobre economia e bolsa de valores? Ou imagina o William Waack
entrevistando Viviane Araújo e perguntando a ela sobre qual tintura ela ta
usando no cabelo?
Um jornalista que se disponha a falar sobre jogos digitais,
games (ou seja lá qual nome se use), precisa BUSCAR entendimento MÍNIMO sobre o
assunto, e tal como o treinamento do BOPE, precisa PEDIR PRA SAIR se perceber
que essa praia não é sua. Do contrário, as matérias jornalísticas sobre games
continuarão nessa mesma mediocridade de focar na “garotada”, ou ainda em
“marmanjos que jogam videogame OH! QUE COISA! Jogam videogame e nem são mais
crianças”, ou ainda em comparações desastrosas de plataformas de jogo, tal como
essa Orkut VS. Xbox.
Isso, é claro, quando não é ainda mais leviana em atrelar crimes a “jogos violentos”, por exemplo. Seu Madruga dá cascudo no Chaves, e se eu der cascudo no meu amiguinho terá sido por má influência de Assassin’s Creed? Tem jornalista-deputado por aí que acha que sim.
William é publicitário, roteirista, ator em formação e Sonicmaníaco. Curte jogos de plataforma, mas não dispensa um GTA ou Mario Kart.
Por que jornalistas que não entendem de games fazem matérias sobre games? (E tão mal!!!)
Reviewed by Mestre Risada Forçada®
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